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segunda-feira, 16 de maio de 2011

O NOCTURLÁBIO



O Nocturlábio foi um instrumento usado nos primórdios da navegação que servia para se ler a hora através do movimento das estrelas. Pode assim dizer-se que era um relógio sideral. O princípio de funcionamento de um Nocturlábio assenta na observação e leitura do movimento que as estrelas realizam em torno da Estrela Polar.
Este movimento é, como todos sabemos, um movimento aparente resultante da rotação do nosso planeta. Em teoria considera-se que a Estrela Polar está fixa no enfiamento do eixo de rotação da Terra, a Norte, apesar de um pequeno desvio que era de 3º,5 no séc.XV. As estrelas giram no sentido contrário aos dos ponteiros dos relógios em torno da E. Polar (isto no hemisfério norte), e é o movimento de uma das guardas da Ursa Menor, a estrela Kochab, que é observada e usada na leitura do tempo ao longo do ano.

No fim do séc. XIII, o maiorquino Raimundo Lúlio, descreveu a chamada Roda Polar a que chamou de astrolabii nocturni, ficando no entanto conhecida por Nocturlábio. A roda era apontada à E. Polar, alinhando-se a data de observação a leste do orifício por onde se fazia pontaria à referida estrela. A zona onde a Kochab tangia o instrumento indicava a hora.

Neste exemplo da Roda Polar, no dia 15 de Abril, a Kochab indica 23 horas (na coroa exterior em numeração romana), e na 3ª coroa indica ainda a duração média do dia (12 horas) nesse mês.
Outros tipos de rodas foram surgindo, como as Rodas de D.Duarte. O princípio era o mesmo, mas o método de contar o tempo diferia um pouco. Esta roda permitia ainda saber a hora aproximada do nascer do Sol.

Com a Roda de D.Duarte fazia-se na mesmo pontaria à Polar através do orifício central, mas alinhava-se sempre o mês de Janeiro a leste do orifício. O alinhamento da data de observação indica a posição da Kochab à meia-noite dessa data. O número de intervalos na segunda coroa entre a data de observação e a Kochab indica o número de horas que faltam ou passam da meia-noite. Neste exemplo no dia 31 de Maio são cerca das 20 horas (24-2). Para saber a hora do nascer do Sol contamos, na segunda coroa, os intervalos entre a data da observação na 1ª coroa e a mesma data na 4ª coroa, pelo que assim o Sol nasceria às 4,5 horas.
A Roda do Homem do Polo tinha um método semelhante à anterior, e a sua leitura era feita consoante o Regimento de Évora. No exemplo que se segue, com a data de observação em fins de Fevereiro, são cerca das duas horas depois da meia-noite.

No séc.XVI a evolução destes instrumentos apresenta-nos o Nocturlábio de Ponteiro, mais preciso e fácil de usar.

Os exemplos descritos são todos relacionados com a Estrela Polar, mas o Nocturlábio também foi adaptado pelos nossos navegadores para as navegações no hemisfério sul. Nesses mares socorriam-se do Cruzeiro do Sul, já que a E. Polar em latitudes abaixo do Equador já não é visível.

Ao olhar-se para o pólo sul celeste o movimento aparente da esfera celeste é inverso ao do hemisfério oposto quando se está virado para Norte. Assim o instrumento teve de ser também adaptado, tendo inscrito nos círculos os meses e as horas em sentido inverso. Como as estrelas a observar com o instrumento tinham ascensões rectas diferentes, o ponteiro para a data de observação tinha de estar de acordo com as estrelas pretendidas. Alguns instrumentos tinham mais do que um ponteiro para ser usado com mais do que uma estrela.

1 comentário:

  1. Olá, tenho uma dúvida que gostaria que me esclarecesses. Para marcar na esfera celeste um lugar a 30º de latitude sul marca-se no 3º ou 4º quadrante?

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