SEJAM BEM-VINDOS

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MARE QUIDEM COMMUNE CERTO EST OMNIBUS.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

CRONOLOGIA DOS DESCOBRIMENTOS



Cronologia dos descobrimentos portugueses (1415-1543)
Data
Descobrimento
Oceano/Mar
Continente /Arquipélago
Rei
1336
Provável primeira expedição às ilhas Canárias, a que se seguiram expedições adicionais em 1340 e 1341, embora tal seja disputado.
Atlântico
Canárias
Afonso IV
(1325-1357)
1415
Tropas portuguesas sob o comando de João I de Portugal conquistam Ceuta. Este acontecimento é geralmente referido como o início da expansão ou descobrimentos Portugueses
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África do Norte
João I
(1385-1433)
1419
João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira descobrem a Ilha de Porto Santo, na Madeira.
Atlântico
Arquipélago da Madeira
1420
Os mesmos navegadores, com Bartolomeu Perestrelo, descobrem a Ilha da Madeira, que foi de imediato colonizada.
Atlântico
Arquipélago da Madeira
1422
Após sucessivas viagens, o cabo Não, considerado o limite navegável a sul por árabes e europeus, é ultrapassado, alcançando-se o Bojador.
Atlântico
África
1427
Diogo de Silves descobre (ou redescobre) as lhas açorianas ocidentais e centrais, que seriam colonizadas em 1431 por Gonçalo Velho Cabral.
Atlântico
Arquipélago dos Açores
1434
Gil Eanes dobra o Cabo Bojador, dissipando o terror que este promontório inspirava.
Atlântico
África (Saara Ocidental)
Duarte I
(1433-38)
1435-1436
Gil Eanes e Afonso Gonçalves Baldaia descobrem Angra de Ruivos e este último chegou ao Rio de Ouro, no Saara Ocidental.

África (Saara ocidental)
1441
Nuno Tristão chega ao Cabo Branco com Gonçalo Afonso.
Atlântico
África (Mauritânia)
Afonso V
(1438-81)
1443
Nuno Tristão entrou no golfo de Arguim.
Atlântico
África (Mauritânia)
1444
Dinis Dias descobriu o cabo Cabo Verde (Dakar) e a ilha de Palma.
Atlântico
África (Senegal)
1445
Álvaro Fernandes passou além do Cabo Verde (cabo), aportou na ilha de Goreia e chegou ao "Cabo dos Mastros" (cabo vermelho? provavelmente entre o Cabo Verde e o rio Gâmbia).
Atlântico


1446
Álvaro Fernandes chegou ao norte da Guiné-Bissau.
Atlântico
África (Guiné-Bissau)

1452
Diogo de Teive descobriu as ilhas Flores e Corvo nos Açores.
Atlântico
Arquipélago dos Açores

1455
Bula Romanus Pontifex do Papa Nicolau V confirma as explorações portuguesas e declara que todas as terras e mares a sul do Cabo Bojador e do Cabo Não são pertença dos reis de Portugal.
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1456 - 1460
Viagens de Alvise Cadamosto, Diogo Gomes e António da Noli descobriram as primeiras ilhas do arquipélago de Cabo Verde.
Atlântico
Arquipélago de Cabo Verde

1460
Morte do Infante D. Henrique.  A sua exploração sistemática do Atlântico alcançou em vida os 8º N na costa africana e os 40º O no oceano Atlântico (Mar dos Sargaços).
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1461
Diogo Gomes e Antonio da Noli descobrem mais ilhas de Cabo Verde.
Atlântico
Arquipélago de Cabo Verde

1461
Diogo Afonso descobre as ilhas ocidentais do arquipélago de Cabo Verde.
Atlântico
Arquipélago de Cabo Verde

1471
João de Santarém e Pêro Escobar cruzaram o Equador e descobriram o Hemisfério Sul, iniciando a navegação guiada pelo Cruzeiro do Sul. Foram do golfo da Guiné à foz do Níger.
Atlântico
África (Nigéria)

1470
João de Santarém e Pêro Escobar terão atingido as ilhas de São Tomé e Príncipe, exploradas entre 1472-75 por Fernão Pó, entre outros.
Atlântico
África (costa de Gabão)

1472-1474
João Vaz Corte-Real e Álvaro Martins Homem poderão ter atingido a Terra Nova. Descoberta não comprovada.
Atlântico
América do Norte (Canadá)

1479
O Tratado das Alcáçovas estabelece o controlo português dos Açores, Guiné, Elmina, Madeira e Cabo Verde e o controlo castelhano das ilhas Canárias.
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1482 - 1484
Diogo Cão chegou ao estuário do Rio Congo (Congo) onde deixou um Padrão de pedra, substituindo as habituais cruzes de madeira; subiu 150Km a montante do rio até às cataratas de Ielala.


João II
(1481-95)

1485-1486
Numa segunda viagem, Diogo Cão passou o Cabo Padrão (Cape Cross) e terá chegado a Walvis Bay, na Namíbia.
Atlântico
África (Namíbia)

1487
Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã partiram de Lisboa, viajando por terra em busca do reino do Preste João, na Etiópia.

África (Etiópia)

1487-1488
Bartolomeu Dias dobra o Cabo das Tormentas, futuro Cabo da Boa Esperança, coroando 50 anos de esforço e numerosas expedições, entrando pela primeira vez no Oceano Índico. Afonso de Paiva e Pêro da Covilhão chegam a Adém.
Atlântico/Índico


1489 - 1492
Foram feitas várias expedições ao Atlântico Sul para mapear os ventos.
Atlântico


1494
Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, dividindo o mundo por descobrir entre si.
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1495 ou 1500
Viagem de João Fernandes Lavrador e Pêro de Barcelos à Gronelândia (Terra do Bacalhau). Nesta viagem avistaram a terra que nomearam Labrador (lavrador).
Atlântico
América do Norte (Gronelândia)
Manuel I
(1495-1521)

1497 - 1499
Vasco da Gama comandou a primeira frota a contornar África e chegar a Calecute na Índia, e regressou.
Índico
Ásia (Índia)

1498
Duarte Pacheco Pereira terá explorado o Atlântico Sul (e terá alcançado a foz do rio Amazonas e a ilha do Marajó no que terá sido uma expedição secreta-não existem provas)
Atlântico
América do Sul

1500-1501
A segunda frota para a Índia comandada por Pedro Álvares Cabral atinge o Brasil, aportando em Porto Seguro.
Atlântico
América do Sul (Brasil)

1500 - 1501
Gaspar Corte Real e Miguel Corte Real atingiram a Terra Nova, que nomeou Terras de Corte Real (Canadá).
Atlântico
América do Norte (Canadá)

1500
A 10 de Agosto Diogo Dias, navegador da frota de Pedro Álvares Cabral na segunda armada à Índia, descobriu uma ilha a que deu o nome de São Lourenço, mais tarde designada Madagáscar.
Índico
África Oriental (Madagáscar)

1502
Vasco da Gama vindo da Índia avistou as então chamadas Ilhas do Almirante (Seychelles).
Índico
África Oriental

1502
Miguel Corte-Real partiu para a Nova Inglaterra em busca do seu irmão Gaspar. João da Nova descobriu a Ilha de Ascensão. Fernão de Noronha descobriu as ilhas que mantêm o seu nome, Fernando Noronha, em Pernambuco.
Atlântico


1503
De regresso do Oriente Estevão da Gama descobriu a Ilha de Santa Helena.
Atlântico


1503
A caminho da Índia António de Saldanha foi o primeiro europeu a ancorar na Baía de Saldanha e a ascender à Montanha da Mesa, que nomeou, na atual África do Sul.
Atlântico
África do Sul

1505
Gonçalo Álvares, da frota do primeiro vice-rei, ruma a sul, onde "a água e até o vinho gelavam" descobrindo a Ilha de Gonçalo Álvares (Gough Island)
Atlântico


1505
Lourenço de Almeida chegou ao que chamou Ceilão (Sri Lanka), a "Taprobana" dos registos clássicos gregos.
Índico
Ásia

1506
Tristão da Cunha descobriu a Ilha de Tristão da Cunha no Atlântico Sul. Navegadores portugueses aportaram em Madagáscar.
Atlântico
África do Sul

1507-1512
Os portugueses foram os primeiros europeus a aportar nas Ilhas Mascarenhas, no Índico, nomeadas em homenagem a Pedro Mascarenhas
Índico
Ilhas Mascarenhas

1509
Diogo Lopes de Sequeira atravessou o golfo de Bengala e chegou a Malaca (Malásia), com ele viajava Fernão de Magalhães, que viria a fazer a primeira viagem de circum-navegação ao globo, ao serviço de Espanha em 1519-22.
Índico
Ásia (Sudeste Asiático)

1511
Duarte Fernandes foi o primeiro europeu a chegar ao Reino do Sião (Tailândia), enviado por Afonso de Albuquerque durante a conquista de Malaca.
Índico
Ásia (Tailândia)

1511
Rui Nunes da Cunha foi o primeiro europeu a chegar a Pegu (Birmânia, Myanmar), enviado por Albuquerque.
Índico
Ásia (Birmânia)

1511
António de Abreu, Francisco Serrão e Simão Afonso Bisagudo são enviados por Albuquerque em busca das "ilhas das especiarias". Serrão naufraga em Ternate nas Molucas  (Indonésia).
Índico
Ásia (Sudeste asiático)

1512
António de Abreu chegou à ilha de Timor e às ilhas Banda, Ambão e Seram.
Índico
Ásia (Sudeste asiático)

1512
Pedro Mascarenhas descobriu a ilha Diego Garcia. Chegou também à ilha Maurícia, que poderia já ser conhecida em expedições anteriores de Diogo Dias e Afonso de Albuquerque.
Índico
Ilhas Mascarenhas

1513
Afonso de Albuquerque atravessa o estreito de Bab-el-Mandeb no Mar Vermelho liderando a primeira frota europeia a navegar nessas águas.
Mar Vermelho
África/Ásia

1513
Jorge Álvares partindo de Malaca é o primeiro europeu a aportar no sul da China, na Ilha de Lintin, no estuário do Rio das Pérolas.
Índico/Pacífico
Ásia (China)

1516
Portugueses aportam em Da Nang, no Reino de Champa que nomeiam Cochinchina, (actual Vietname).
Índico
Ásia (Indochina)

1516-1517
Rafael Perestrelo comandou o primeiro navio comercial a aportar na China continental, em Cantão. Fernão Pires de Andrade e Tomé Pires foram enviados de D. Manuel I para estabelecer relações oficiais entre o Império Português e a Dinastia Ming, no reinado do imperador Zhengde.
Índico/Pacífico
Ásia (China)

1520
Francisco Álvares e uma embaixada portuguesa chegam à Etiópia onde encontram Pêro Vaz de Caminha.
Índico
África

1520
(Diogo Pacheco terá visitado Kimberley, na Austrália em busca da "Ilha do Ouro" a sul e a sudeste de Sumatra, Java e Sunda, informado por Malaios e Sumatreses, presentes na sua tripulação.- descoberta não reconhecida oficialmente)
Índico/Pacífico
(Sudeste asiático/Oceania)

1522
(Cristovão de Mendonça terá descoberto a Austrália e Nova Zelândia, partindo de Belém em 1521 – (descoberta não reconhecida oficialmente)
Índico/Pacífico
(Oceania)
João III
(1521-57)

1525
Gomes de Sequeira e Diogo da Rocha foram enviados pelo governador Jorge de Meneses, à descoberta de territórios a norte das Molucas, foram os primeiros europeus a chegar às Ilhas Carolinas, a nordeste da Nova Guiné, que então nomearam "Ilhas de Sequeira". (A Austrália teria sido descoberta por Cristóvão de Mendonça e Gomes de Sequeira em 1525 - descoberta não reconhecida oficialmente)
Pacífico
Ilhas Carolinas

1526
Jorge de Meneses aportou na ilha Waigeo na Papua Ocidental (Nova Guiné)
Pacífico
Oceania (Melanésia)

1528
Diogo Rodrigues explorou o arquipélago das Mascarenhas, que nomeou em homenagem ao seu companheiro Pedro de Mascarenhas, que compreende a Reunião,  Maurícia e Rodrigues.
Índico
Ilhas Mascarenhas

1529
É assinado o Tratado de Saragoça, que estabelece o antemeridiano de Tordesilhas, limite leste das explorações portuguesas e espanholas, para solucionar a chamada "Questão das Molucas".
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1538
João Fogaça chega à Papua-Nova Guiné enviado por António Galvão.
Pacífico
Oceania

1542-1543
Fernão Mendes Pinto, Diogo Zeimoto e Cristóvão Borralho chegaram ao Japão.
Pacífico
Ásia (Japão)

1586
António da Madalena um frade Capuchinho foi um dos primeiros visitantes ocidentais a chegar a Angkor (actual Camboja)

Ásia (Cambodja)
Filipe I
(1581-98)

1602 - 1606
Bento de Góis, missionário jesuíta, foi o primeiro europeu a percorrer o caminho terrestre da Índia para a China, através da Ásia Central.
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Ásia Central
Filipe II
(1598-1621)

1624
António de Andrade e Manuel Marques, missionários jesuítas, viajaram de Agra (Índia) a Chaparangue, sendo os primeiros europeus documentados a chegar ao Tibete.
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Ásia (Tibete)
Filipe III
(1621-40)

1626
Estêvão Cacella, missionário jesuíta, viajou através dos Himalaias e foi o primeiro europeu a entrar no Butão.
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Ásia (Butão)

1636 - 1638
Pedro Teixeira partiu de Belém do Pará subindo o rio Amazonas e alcançou Quito, no Equador, numa expedição de mais de mil homens.
Rio Amazonas
Brasil (Rio Amazonas)


terça-feira, 26 de abril de 2011

CABO DA BOA ESPERANÇA - CAPE OF GOOD HOPE



Adamastor é um mítico gigante baseado na mitologia greco-romana. Representa as forças da natureza contra Vasco da Gama sob a forma de uma tempestade, ameaçando a ruína daquele que tentasse dobrar o Cabo da Boa Esperança e penetrasse no Oceano Índico, os alegados domínios do Adamastor.
É o nome atribuído a um dos gigantes, filhos de Terra, que se rebelaram contra Zeus. Fulminados por este, ficaram dispersos e reduzidos a promontórios,  ilhas e fraguedos. O seu nome surge, certamente, pela primeira vez por Gaius Sollius Sidonius Apollinaris (430/486 dC).


Foi popularizado ao ser usado com verdadeira mestria por Luís de Camões, no Canto V da epopeia portuguesa Os Lusíadas, como o gigante do Cabo das Tormentas, que afundava as naus, e cuja figura se desfazia em lágrimas, que eram as águas salgadas que banhavam a confluência dos oceanos Atlântico e Índico. O episódio do Adamastor representa, assim, em figuração grandiosa e comovida, a sua oposição à audácia dos navegadores portugueses e a predição da história trágico-marítima que se lhe seguiria.

Bocage escreveu um belo soneto relativo ás profecias do Adamastor:
Adamastor cruel!... De teus furores
Quantas vezes me lembro horrorizado!
Ó monstro! Quantas vezes tens tragado
Do soberbo Oriente dos domadores!
Parece-me que entregue a vis traidores
Estou vendo Sepúlveda afamado,
Com a esposa, e com os filhinhos abraçado
Qual Mavorte com Vênus e os Amores.
Parece-me que vejo o triste esposo,
Perdida a tenra prole e a bela dama,
Às garras dos leões correr furioso.
Bem te vingaste em nós do afouto Gama!
Pelos nossos desastres és famoso:
Maldito Adamastor! Maldita fama!


O Cabo da Boa Esperança, em inglês: Cape of Good Hope, é um cabo no sul da África do Sul, a sul da Cidade do Cabo e a oeste da baía Falsa. Pertence politicamente à província do Cabo Ocidental.


Apesar de não ser o extremo meridional do continente africano, que é o cabo Agulhas, é considerado um dos grandes cabos dos oceanos meridionais, e teve especial significado para os marinheiros durante muitos séculos. É muitas vezes referido em literatura marítima simplesmente como "o Cabo." É um ponto importante no percurso da rota dos clippers seguida pelos veleiros parra o Extremo Oriente e Austrália, e ainda marcado como passagem em várias corridas de iates.



quinta-feira, 21 de abril de 2011

PORTUGAL ULTRAMARINO



Império Português é a designação comum dada ao conjunto dos territórios ultramarinos ocupados e administrados por Portugal a partir do início século XV até ao século XX. O termo "Império Português", no entanto, nunca foi usado oficialmente. A designação oficial mais utilizada para o conjunto dos territórios ultramarinos portugueses foi simplesmente "Ultramar Português". Já a designação "Império Colonial Português" foi oficial, mas apenas durante um breve período, de 1930 a 1951.
O Império Português foi o primeiro império global da história, com um conjunto de territórios repartidos por cinco continentes sob soberania portuguesa, resultado das explorações realizadas na Era dos descobrimentos. Foi o mais duradouro dos impérios coloniais europeus modernos, já que a presença portuguesa fora da Europa abrangeu quase seis séculos. Foi governado pela Casa de Avis por cerca de cento e cinquenta anos, depois por sessenta anos, pela Casa de Habsburgo, posteriormente pela Casa de Bragança por trezentos anos, e a partir de 1910 foi governado pela República Portuguesa.
Convenciona-se o início do Império como sendo a conquista de Ceuta em 1415. Já o final do Império, consoante o critério utilizado, pode ser considerado o ano de 1975 - independência da maior parte dos territórios -, o ano 1999 - fim da administração portuguesa de Macau, o último território ultramarino ainda administrado de facto por Portugal - ou o ano de 2002 - data da independência de Timor-Leste, último território ultramarino considerado de jure sob soberania portuguesa.


quarta-feira, 20 de abril de 2011

TEORIA DA DESCOBERTA DA AUSTRÁLIA PELOS PORTUGUESES



Embora a maioria dos historiadores sustente que a descoberta europeia da Austrália ocorreu em 1606 com a viagem do navegador neerlandês Willem Janszoon a bordo do Duyfken, foram avançadas numerosas teorias alternativas.
A precedência da descoberta foi reclamada pela China,  Portugal,  França,  Espanha e, até, para os Fenícios.  Dessas teorias, uma das mais bem suportadas é a teoria da descoberta da Austrália pelos portugueses.
O primeiro contacto europeu com o continente do Sul teria sido efectuado por navegadores portugueses, embora não haja referências a esta viagem ou viagens nos arquivos históricos de Portugal. A principal evidência para estas visitas não declaradas foi a descoberta de dois canhões portugueses afundados ao largo da baía de Broome na costa noroeste da Austrália. A tipologia dessas peças de artilharia indica serem de fabricação portuguesa, podendo ser datadas entre os anos de 1475 e 1525.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

CANHÕES


CANHÕES DA TORRE DE BELÉM

É desconhecida a época em que foram inventadas as bocas-de-fogo; uns atribuem a sua invenção aos chineses, outros à Alemanha, outros aos árabes, e alguns à Itália. Também é desconhecido qual foi a primeira nação que empregou na guerra a arma de artilharia. É, porém, fora de dúvida, que entre os povos da Europa, foram os portugueses uns dos primeiros que possuíram essas terríveis armas (denominada de trom), conhecendo-as desde os meados do século XIV, apesar de haver quem diga que já se tinham utilizado na tomada de Silves, no reinado de D. Sancho I.


O mestre de Avis, tinha recebido a disputada coroa portuguesa e o título de Dom João I em 1384. Para defender as suas fronteiras contra os ataques castelhanos, as indústrias portuguesas começaram a produzir canhões com as técnicas metalúrgicas dos sarracenos. As indústrias portuguesas obtiveram aço maleável para armas de fogo nas forjas do Arcebispo e em Santa Clara. Dom Afonso V estabeleceu em Portugal a primeira Unidade de Artilharia em 1449 e o cargo de Provedor Mor da Artilharia. Os canhões foram instalados pela primeira vez em Portugal para a defesa das fronteiras, rios e mares. Em Lisboa, os canhões também foram instalados em navios com casco reforçado para mil tonéis, cujo modelo foi utilizado na construção de caravelas.

A força militar portuguesa esteve protegida por tais canhões durante os Descobrimentos portugueses. Estes canhões eram mais leves do que os conhecidos e tinham o alcance de aproximadamente duas milhas e meia, impedindo a agressão inimiga.

 Assim fez Cabral sobre Calecut na Índia, após a descoberta do Brasil. Vasco da Gama também provocou pesadas baixas sobre Calecut. O Comandante Duarte Pacheco Pereira em Cochim com dezoito canhões abateu 150 navios árabes. Outros comandantes portugueses impuseram o domínio bélico sobre a China e o Japão. O calibre dos canhões era identificado pelo peso dos projécteis em libras, ao peso de 0,456 kg: 12 libras; 18 libras, 24 libras.
O trecho a seguir, tradução de um manuscrito francês de 1748, intitulado Relâche du Vaisseau L'Arc-en-ciel à Rio de Janeiro, que se encontra na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa, dá-nos um relato de como era protegida a Baía da Guanabara, naquela época por uma fortaleza, com canhões:

"A Fortaleza de Santa Cruz, a mais importante do país, está situada sobre a ponta de um rochedo, num local onde todos os barcos que entram ou saem do porto são obrigados a passar a uma distância inferior ao alcance de um tiro de mosquete. A fortificação consiste numa compacta obra de alvenaria de 20 a 25 pés de altura, revestida por umas pedras brancas que parecem frágeis. A sua artilharia conta com 60 peças de canhão, de 18 e 24 polegadas de calibre, instaladas de modo a cobrir a parte externa da entrada do porto, a passagem e uma parte do interior da baía. Cada uma das peças referidas foi colocada no interior de uma canhoneira, o que gera um inconveniente: mesmo diante de um alvo móvel, como um barco a vela, elas só podem atirar numa única direcção." 
SAGRES