SEJAM BEM-VINDOS

SEJAM BEM-VINDOS
MARE QUIDEM COMMUNE CERTO EST OMNIBUS.

quinta-feira, 31 de março de 2011

PORTUGAL UM PAÍS MARÍTIMO



Portugal faz fronteira com um único país vizinho: A Espanha num comprimento total de 1 214 km.
A costa portuguesa Atlântica é extensa: tem 1230 km em Portugal continental, 667 km nos Açores, 250 km na Madeira onde se incluem também as Ilhas Desertas, as Ilhas Selvagens e a Ilha de Porto Santo, num total de 2147 Km.
Com a formação de cordões litorais definiu-se uma laguna, vista como um dos elementos hidrográficos mais marcantes da costa portuguesa. Portugal possuiu uma das maiores zonas económicas exclusivas (ZEE) da Europa, cobrindo cerca de 1 683 000 km².


IMAGEM DE SATÉLITE

sábado, 26 de março de 2011

A ILHA DOS AMORES




O mito da Ilha dos Amores é contado por Luís de Camões, nos Cantos IX e X d'Os Lusíadas. Nestes cantos, é relatada a vontade da deusa Vénus em premiar os heróis lusitanos, com um merecido descanso e com prazeres divinos, numa ilha paradisíaca, no meio do oceano, a Ilha dos Amores. Nessa ilha maravilhosa, os marinheiros portugueses podiam encontrar todas as delícias da Natureza e as sedutoras Nereidas, divindades das águas, irmãs de Tétis, com quem se podiam alegrar em jogos amorosos. 

Durante um banquete oferecido aos Portugueses, a ninfa Sirena canta as profecias sobre a gente lusa que incluem as suas glórias futuras no Oriente. Em seguida, Tétis, a principal das ninfas, conduz Vasco da Gama ao topo de um monte "alto e divino" e mostra-lhe, de acordo com a cosmografia geocêntrica de Ptolomeu, a "máquina do mundo", uma fábrica de cristal e ouro puro, à qual apenas os deuses tinham acesso, e que se tornou também num privilégio para os Portugueses. Tétis faz a descrição da máquina do mundo e prediz feitos valorosos, prémios e fama ao povo português. Depois do descanso merecido, os Portugueses partem da ilha e regressam a Lisboa.
O mito da Ilha dos Amores, narrado por Camões, é fruto da sua imaginação, quer povoada dos lugares maravilhosos onde as suas viagens o levaram, quer influenciada pelas míticas ilhas da literatura grega ou de outras lendas árabes e indianas. A moral pagã opõe-se aqui à moral cristã, da mesma forma que os novos ventos da mudança do renascimento de inspiração grega se opõem às limitações e ao pensamento medíocre da Inquisição.
Neste episódio simbólico da Ilha do Amores, Camões tenta imortalizar os heróis lusitanos que tão grandes façanhas fizeram em nome de Portugal.


                                                                              Ó que famintos beijos na floresta,
                                                                              E que mimoso choro que soava!
                                                                              Que afagos tão suaves, que ira honesta,
                                                                              Que em risinhos alegres se tornava!
                                                                              O que mais passam na manhã, e na sesta,
                                                                              Que Vênus com prazeres inflamava,
                                                                              Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
                                                                              Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.
Camões declamou Os Lusíadas à inquisição que os aprovou... 

sexta-feira, 25 de março de 2011

A CORDOARIA NACIONAL



A Cordoaria Nacional foi criada pelo Marquês de Pombal, em Junho de 1771, nos terrenos contíguos ao Forte de São João da Junqueira.
Ocupado pelo serviço de cordoaria, pinhais e matas para navios de guerra, na sequência do qual se proibiu a importação de cordoaria estrangeira. Pela extensão é notável o vão das duas grandes oficinas que ocupavam quase a totalidade longitudinal do edifício. Sendo o mais comprido da Europa, também ele concorreu para enobrecer este excelente exemplo de arquitectura industrial setecentista de cunho pombalino. Em 1826, um incêndio afectou parcialmente o edifício, que foi objecto de grandes melhoramentos ao longo do século XIX.

 LISBOA NO SÉCULO VI

quarta-feira, 23 de março de 2011

TÁBUA DE LEVAR AS ESTRELAS


"Tábuas de Levar as Estrelas"

Instrumento de observação que os chineses usavam para se orientarem através das estrelas. Tal como os europeus o método mais usado era a leitura da Estrela Polar. O instrumento em si era composto por um conjunto de 12 peças de tamanhos diferentes. Sabemos que as tábuas de levar as estrelas eram quadradas e feitas de pau-preto de excelente qualidade. A peça maior, chamada de 12 Zhi, tinha 7 cune 7 fen de lado, que equivale a 24 cm. A seguinte tinha 22 cm e assim sucessivamente decrescendo 2 cm até à peça menor, 1 Zhi.
Visar uma estrela com a Tábua

Havia ainda uma peça complementar de marfim com 2 cun de lado cortada nos cantos. O comprimento de cada um dos lados desta peça era respectivamente de 1/2, 1/8, 1/4 e 3/4 do comprimento da peça de 1 Zhi do conjunto de 12.Para usar a tábua, a mão esquerda segurava-a a meio de um dos lados, com o braço estendido, de modo a que ficasse num plano perpendicular à superfície da água. Escolhia-se entre as tábuas uma de modo a que o bordo inferior desta tangesse a linha do horizonte e o superior a estrela visada.
O número de Zhi, que estava inscrito na tábua, equivalia à altura do astro. Se com uma tábua não se conseguisse a tangência, escolhia-se uma maior ou combinava-se com a peça de marfim para se obter a medida angular. Esta combinação permitia uma precisão de meio grau.
Para se fixar a distância entre a tábua e os olhos do observador, puxava-se em direcção aos olhos um fio de comprimento fixo, ligado ao centro da face inferior da tábua. Obtinha-se assim a latitude num método muito similar ao que era usado com o kamal:

domingo, 20 de março de 2011

O CESTO DA GÁVEA



O cesto da gávea é uma das peças de madeira ou metal, de formato cilíndrico ou em fuso, que cruza o mastro da gávea ou nele se prende, com nome de verga - como as velas ali presas; da mesma forma o cesto de gávea também passou a ser chamado simplesmente de gávea.
Na gávea por ser o ponto mais elevado na embarcação, é que se construía o cesto de observação, para monitoramento nos navios onde os vigias perscrutavam o horizonte em busca de sinais de terra ou de outros navios. Geralmente com a forma de uma pequena cesta suficientemente grande para abrigar um ou poucos homens, esta peça encontrava-se no alto dos mastros ou torres próprias das caravelas ou navios. Dada a sua situação, a gávea era um lugar muito instável pois era onde se manifestava com maior intensidade a oscilação e o rolamento lateral da embarcação. Podia ser imposto como castigo a um marinheiro por ser o local mais frio e instável.
Segundo o folclore da época das grandes navegações, era do alto da gávea que um grumete ou um Gajeiro (também escrito Gageiro) gritava “Terra à vista…!” ao avistar terra firme na linha do horizonte.

"... Acima, acima gajeiro,
Acima ao tope real!
Olha se enxergas Espanha,
Areias de Portugal
"Alvíssaras, capitão,
Meu capitão general!
Já vejo terra de Espanha,
Areias de Portugal..."

http://josembdouradinha.blogspot.com/2010/02/memorias.html

sábado, 19 de março de 2011

NAVEGAÇÃO OU COMÉRCIO TRIANGULAR



A partir da descoberta do continente americano por Cristóvão Colombo em 12 de Outubro de 1492, o continente foi submetido a uma exploração contínua para extracção dos recursos naturais. O povo ameríndio, “Índio”  indígena ou nativo americano que  foram sacrificados em massa, a exemplo das Antilhas - Bahamas,  Cuba,  Haiti,  Jamaica e República Dominicana - onde o extermínio foi quase completo. Assim, foi iniciada a escravidão na América latina, primeiros com os habitantes nativos, mais tarde, com os africanos trazidos para o Novo Mundo.


Com a introdução das Leis Novas - Leyes Nuevas - de Carlos V, foi proibido o tratamento de índios como bichos  (burros de carga), pelo menos na teoria, porque já não sobraram tantos indígenas, depois das várias epidemias, começaram a importar escravos de África, já que a demanda por oferta de trabalho ainda continuava a crescer. Frei Bartolomé de las Casas recomendava a escravidão dos africanos para aliviar a dura sorte dos índios.


Em 1518, a Coroa espanhola deu a primeira licença para introduzir quatro mil homens às Índias durante oito anos. Este foi o primeiro daqueles “asientos” de negros. O Asiento era a permissão, cedida pela coroa espanhola, de comercializar escravos com as colónias portuguesas, que por muito tempo foram uma lucrativa fonte de ingresso para a Europa. Além do negócio oficial, o contrabando de escravos também era feito, na maioria das vezes por piratas e comerciantes.


A princípio, o comércio foi controlado pelos portugueses, os quais já haviam exportado escravos do Congo desde 1441. Os portugueses seguiram sendo os mercadores de escravos de maior destaque até ao começo do século XVII, quando são superados pelos holandeses,  franceses e ingleses.
No ano de 1713, a British South Sea Company obteve o asiento indefinido como compensação pela Guerra da Sucessão Espanhola. Em 1789 foi permitido o livre comércio de escravos para todas as nações.
No século XVIII foi Portugal a tomar a dianteira na abolição da escravatura. Decorria o Reinado de D.José I quando, em 12 de Fevereiro de 1761, esta foi abolida pelo Marquês de Pombal no Reino e na Índia.

Marquês de Pombal - Sebastião José de Carvalho e Melo

Em Cuba, então parte do Império Espanhol, a escravidão foi legal até 1886 e, no Brasil, foi até 1888, pela Lei Áurea de D. Isabel Leopoldina, filha de D. Pedro II.
Os negreiros realizaram o chamado "comércio triangular" ou “navegação triangular”:
Transportavam rum tabaco e armas da Europa para trocar por escravos e marfim em África e depois vender os escravos na América, donde partiam com matéria-prima para Europa. Durante o tráfico negreiro, cerca de metade dos escravizados morriam durante a viagem.


Não há estatiscas exactas sobre a quantidade de vítimas da escravatura. Alguns estudos efectuados afirmam que entre os séculos XVI e XIX, um total de cem milhões de pessoas foram deportadas ou morreram durante o tráfico. Esta cifra refere-se ao tráfico total (ocidental e oriental), contando também os mortos das guerras de escravização.  
As estimativas sobre o número de escravos que foram transportados para as Américas alcançam os catorze milhões.


sexta-feira, 18 de março de 2011

CORRENTES MARÍTIMAS


Distinguem-se em geral as correntes propriamente ditas, caracterizando-se unicamente pelas suas velocidades superiores a meio nó, a salinidade, a cor, a temperatura, a sua regularidade, etc., e as derivas de velocidades inferiores, muitas vezes irregulares e mal localizadas. Bem entendido que as correntes de maré ajuntam os seus efeitos, mas são intensas sobretudo na proximidade das costas e por outro lado o seu carácter alternativo torna o seu efeito nulo numa observação de longa duração.
CARTA NÁUTICA DO SÉCULO XIV

quinta-feira, 17 de março de 2011

A NAVEGAÇÃO À VELA


O leme só tem algum efeito desde que o barco tenha andamento.



A resultante é uma soma vectorial da intensidade da corrente com a velocidade do barco.
Imaginemos que estamos a correr num dia sem vento. O vento que nesse momento sentimos na cara é o que se chama de vento aparente. É este vento, resultante do movimento e direcção de uma embarcação e da intensidade e direcção do vento real, que incide nas velas.



Note-se a as variações de direcção e intensidade.

Mareações em função da direcção do vento.


O vento pela popa aumenta as turbulências com a consequente perda de rendimento.


O ar corre mais velozmente na parte de trás da vela gerando uma diminuição de pressão. Na parte ao vento, o ar desacelera, aumentando aí a pressão e empurrando a vela.

Caça-se a vela gradualmente até deixar de bater.

E menos de uma hora, para esse mesmo percurso, apenas porque a direcção do vento é outra (admitindo a mesma intensidade do vento.

O abatimento põe-nos problemas de segurança.




ORIGEM DAS DESIGNAÇÕES:

- ESTIBORDO: Do francês estibord; do neerlandês stierboord, leme que nas embarcações do Vikings era armado a Boroeste, em Portugal Estibordo.  
Em termos náuticos, é o lado direito de quem se encontra numa embarcação, voltado para a sua proa. Os antigos navegadores quando rumavam a Sul ou a Norte, respectivamente, o lado direito da embarcação ficava a Oeste ou a Leste; ESTE+BORDO=ESTIBORDO.



- BOMBORDO: é o bordo à esquerda do rumo da embarcação que permite melhor visão, tem esse nome ou foi escolhido como sendo o "bordo bom", porque a maioria dos timoneiros são destros e ao segurarem o leme de cana, com a mão direita forçosamente sentam-se do lado bom ou seja, o lado que "vai" oferecer melhor visibilidade; contudo durante a época dos Descobrimentos portugueses, nas navegações ao longo da costa africana, rumando a Sul, o "bom bordo" variava, ou seja era o que estava do lado da terra firme, à qual era necessário aceder frequentemente em virtude de tempestades, falta de água ou de alimentos.   

terça-feira, 15 de março de 2011

A BATALHA DE LAGOS



A Guerra dos 7 Anos, entre 1756 e 1763, constituiu um marco na história europeia moderna e modelou a fisionomia das nações ocidentais, sendo considerada o ponto de viragem para o início da Era Moderna. Este conflito, que envolveu a Inglaterra e a França, prendia-se com o controlo comercial e marítimo das colónias europeias nas Índias Orientais e na América do Norte. A Inglaterra ocupou a ilha de Minorca, possessão francesa no Mediterrâneo, e foi este acontecimento que conduziu a uma tentativa de reunir as frotas navais francesas dispersas, para invadir a Inglaterra, culminando na batalha naval na costa Algarvia, entre estas potências ao largo de Lagos, em 19 de Agosto de 1759.

DESPOJOS DO NAVIO L' OCEAN

O trabalho de estudo e levantamento arqueológico submarino do navio almirante francês L’Ocean, afundado na batalha, esteve a cargo do Museu Nacional de Arqueologia, no Estaleiro do Ministério da Cultura, situado entre a Boca do Rio e a praia da Salema – Vila do Bispo, sob a direcção e responsabilidade do então director do Museu, Dr. Francisco Alves.
  

CARAVELA VERA CRUZ


A Caravela Vera Cruz é uma réplica exacta das antigas caravelas portuguesas.
Foi construída no ano 2000 no estaleiro naval de Vila do Conde no âmbito da comemoração dos 500 anos do Descobrimento do Brasil.
Destina-se a possibilitar o treino de vela e experiências de mar, sobretudo a jovens, a participar em provas e outros eventos náuticos, à investigação do comportamento e manobra das antigas caravelas e à realização de visitas de estudo com escolas em Lisboa e outros portos nacionais.
A caravela Vera Cruz é tripulada pelos sócios da Aporvela que se voluntariam em viagens de treino de mar e vela, sobretudo direccionadas para os jovens.

FICHA TÉCNICA
Comprimento: 23,8m
Boca: 6,5m
Calado: 3,3m
Mastro Grande:
Altura: 18m
Verga: 26m
Vela: 155m2
Mezena:
Altura: 16m
Verga: 20m
Vela: 80m2

Motor auxiliar: Penta Volvo 190cv
Alojamentos: 22 tripulantes

MATERIAIS UTILIZADOS:
Forro, Borda falsa, Sobrequilha e Mastros:Pinheiro bravo
Balizas: Carvalho e sobro
Convés e Tombadilho: Câmbala
Vergas: Fibra de carbono
CARAVELA VERA CRUZ DE PORTUGAL
E A NAU VITÓRIA DE ESPANHA


segunda-feira, 14 de março de 2011

domingo, 13 de março de 2011

BARCOS TRADICIONAIS PORTUGUESES


DO NORTE DE PORTUGAL:



Barquinho do Rio Minho:

Embarcação muito utilizada no transporte de passageiros entre margens
Podia levar de 20 a 30 passageiros ou carga variada como vinho ou areia
Por vezes era também usada na faina da pesca
Podia envergar uma vela quadrada ou de espicha apesar do sistema principal de propulsão ser por meio de vara
De fundo chato e sem quilha tem a particularidade de não ser construída em estaleiro mas sob os telheiros da lavoura junto à margem do rio.


Maceira:
O nome quase diz tudo sobre esta embarcação de Vila Praia de Âncora
Uma caixa de madeira, semelhante com as masseiras de amassar o pão
Um aparelho muito simples formado por um pequeno mastro à vante cruzando verga de latina bastarda
A tripulação de 2 homens era o suficiente para este barco que variava entre os 2,60 e os 4,70 metros
Destinava-se tanto à pesca do alto como à costeira e à de rio.




Barco Rabelo:
Este barco tradicional é uma das mais conhecidas e típicas embarcações portuguesas
Destinava-se ao transporte de pipas de vinho pelo Douro até às caves de Gaia, chegando, as de maior porte, a atingir a capacidade para transportar 100 pipas
Não tem quilha e é de fundo chato
Sensivelmente a meio e para a ré elevam-se as apegadas, o castelo onde é manejada a espadela, um remo longo que governa a embarcação
Arma uma vela quadrada e é tripulada normalmente por 6 ou 7 homens
Estas embarcações tem de comprimentos entre 19 e 23 metros e hoje ainda as podemos ver em algumas regatas ou fundeadas nas zonas ribeirinhas da Porto e de Gaia.



Barco Valboeiro com Camareta:
Esta curiosa embarcação da zona de Valbom podia navegar tanto no rio como no mar
Apesar de serem usadas na pesca também faziam transporte de mercadorias e passageiros entre margens
Para protecção e conforto dos passageiros utilizavam um pequeno abrigo denominado de camareta
Conforme a sua utilização quanto à carga chamavam-nos de barco das padeiras e barco das toucinheiras
Uma tripulação de 2 a 3 homens era o suficiente para governar esta embarcação de cerca 18 metros. Armavam uma pequena vela de carangueja num mastro bem a vante e tal como os Rabelos tinham um remo de pá longo em vez de leme.



Barco de Avintes:
Tal como o Barco Valboeiro também estes barcos, que navegavam no Douro, eram classificados quanto à carga que transportavam (barco das padeiras ou barco das toucinheiras)
Tinham um toldo de protecção e uns bancos para os passageiros
Media entre 17 e 18 metros e armava uma vela de pendão num mastro a vante
Dois a três homens governavam a embarcação que tinha uma pá longa em vez de leme.



Lancha Poveira:
A Lancha Poveira é só um tipo de barco
A Lancha grande destinava-se exclusivamente à pesca da pescada, o batel e a lancha pequena usava-se na pesca à sardinha, a catraia grande na pesca do alto e da raia, a catraia pequena na pesca da sardinha e espinel e o caíco na pesca da faneca
Consoante o tipo de barco podia ir dos 4 a 5 metros, como o caíco até aos 13 ou 14 metros da lancha grande
O mastro, que se podia desarmar, inclinava para a ré e podia armar uma vela trapezoidal que era caçada à ré
Tinha ainda 4 a 5 remos por banda.



Barco Moliceiro:
Felizmente ainda podemos encontrar esta embarcação de ascendência fenícia a navegar na Ria de Aveiro
Destinada à colheita e transporte do moliço, servia também para transporte de carga e de gado
O costado muito baixo facilita a recolha do moliço o seu calado mínimo permite percorrer os diversos canais da ria
Além da vela usava como método de propulsão a sirga e a vara sendo dirigido por um grande leme manejado por meio de gualdropes passados nos extremos de uma vara que atravessa a meio daquele
Diferentes de embarcação para embarcação são as típicas pinturas à proa e à ré, sempre muito coloridas e com temas populares
Anualmente ainda se conseguem reunir mais de vinte embarcações numa regata pela ria.



Barco de Ílhavo:
De cor totalmente negra e sem decoração esta embarcação de Ílhavo é parecida com o Moliceiro
Tem um comprimento entre os 14 e 15 metros e é normalmente tripulada por três ou quatro homens
Além do moliço, é empregue em trabalhos na ria e na pesca
O leme e a propulsão com vela e vara assemelham ainda mais este barco com o Moliceiro.



Rasca de Pesca:
Esta embarcação de borda alta e convés corrido aparelhava com quatro velas latinas - traquete, vela grande, vela de proa e catita
Este aparelho complexo obrigava a uma numerosa tripulação, mas tornava o barco extremamente veleiro e belo
Usada na pesca, sobretudo na Figueira da Foz e Ericeira, foi caindo em desuso até acabar como simples embarcação de carga.



Barco da Pescada:
Esta embarcação de Buarcos e Figueira da Foz era usada exclusivamente na pesca da pescada
Ambos os mastros com acentuada inclinação a vante tinham alturas diferentes e armavam panos latinos triangulares
A manobra do leme era idêntica à do Moliceiro e Barco de Ílhavo.



Bateira da Figueira da Foz:
O tipo geral da bateira ou muleta é o de uma embarcação de pesca de rio e mar
Possui uma proa de curvatura bem definida e ré coberta
O mastro fixado no banco da proa está ligeiramente inclinado para ré, armando um longo pano latino triangular
A tripulação varia entre quatro a seis homens que fazem uso dos dois remos por bordo.



Galeão:
Embarcação da Nazaré utilizada no cerco americano
Tem 10 metros de comprimento e uma capacidade de cerca de nove toneladas de porte
O seu casco alongado e corrido com uma proa arredondada e encimada por uma borla ou cabeleira, realçam a sua elegância
No convés existem seis bancos e duas a três escotilhas que acedem aos porões de peixe
Para propulsão tem além de uma grande vela triangular, três remos por bordo.

DO CENTRO DE PORTUGAL:


Lancha da Sardinha
Embarcação de Peniche destinada essencialmente à pesca da sardinha
O casco é muito elegante e alongado, boca pequena, popa de painel armando lema de cana, semelhante ao das fragatas do Tejo
Arma um mastro um pouco avançado sobre a proa cruzando um latino bastardo
A sua tripulação varia entre os 12 e os 14 homens


Traineira de Peniche
Embarcação ligeira de arrasto com pouco calado sem coberta
O mastro bastante corrido a vante armava vela bastarda
Quase sem quilha possuía um leme muito longo por fora
Os quatro ou cinco remos por borda ajudavam durante a faina a manobra de manter a embarcação atravessada às vagas
Era tripulada por 12 a 14 homens



Barca da Ericeira
Esta embarcação é destinada à pesca
De forma alongada, boca aberta e pouca quilha tem o leme por fora
O mastro, fixado no banco de proa e com acentuada inclinação para vante, arma uma latina bastarda
Possui normalmente três ou quatro remos por bordo e a tripulação oscila entre os 10 e 12 homens




Caíque de Traquete
Estes caíques de Cascais eram embarcações oriundas do Algarve
Tipicamente portuguesas são por muitos tidos como sucessores das caravelas henriquinas. Com formas alongadas e muito elegantes, armavam habitualmente duas velas bastardas em dois mastros divergentes
Podiam montar dois remos por banda
O comprimento era normalmente de 18 a 19 metros com uma tripulação de 15 a 20 homens




Canoa Caçadeira
Estas embarcações tipicamente portuguesas eram também conhecidas por canoas do alto ou caçadeiras
Existiam em quase todos os centros de pesca do país, embora com maior relevância para sul do Cabo da Roca e costa algarvia
Como a da figura, da zona de Cascais, tinha muita quilha à ré, proa arredondada e popa de painel
Normalmente armavam dois latinos bastardos em mastros assimétricos com acentuada inclinação para vante e ré
Podia ainda usar três a quatro remos por bordo



Muleta de Arrasto
Esta embarcação de pesca de Cascais impressiona pelo seu tipo de velame
Além dos panos de navegação, quando em faina de pesca usava mais seis velas suplementares
Tem a particularidade de fazer o arrasto pelo través
De convés corrido, fundo chato e pouca quilha, o seu comprimento andava entre os 12 e 13 metros com uma tripulação de 11 a 12 homens
Possuía normalmente três remos por banda ficando os remadores virados para a proa



Canoa da Picada
Estas embarcações, usadas em Cascais e Sesimbra, usavam-se na pesca da sardinha a bordo da qual picavam (salgavam) a sardinha
Extremamente elegantes, de convés corrido, gaiuta a ré e uma ou duas escotilhas centrais de acesso aos interiores
A sua grande quilha aumentava progressivamente para ré com o leme montado por dentro
Armava uma latina bastarda no mastro da proa e uma pequena de mezena
Veleiro muito rápido e navegável, recebeu a designação de picada da sardinha que era salgada a bordo
Era frequente disputarem-se regatas desportivas entre canoas da picada



Barca da Pesca do Alto
Esta embarcação de Sesimbra servia na pesca entre o Cabo da Roca e São Vicente e tinha o casco corrido e alongado
Armava normalmente duas velas de espicha
Durante a faina da pesca recolhiam-se os mastros sobre os bancos e usavam-se os remos, dois a três por bordo


Lancha do Alto
Elegante embarcação de Setúbal da pesca do alto, com a configuração de palhabote, gurupés e pequeno pau de pica-peixe
O casco era corrido, de boca larga, com uma gaiuta para a ré e uma ou duas escotilhas centrais de acesso ao porão de peixe
Possuía muita quilha e armava dois mastros simétricos, com ligeira inclinação para ré, duas velas de carangueja e dois estais amurados no gurupés.



Fragata
É com certeza a embarcação mais emblemática do rio Tejo
Embarcação de certo porte, bojudo e pesado, media entre 20 e 25 metros de comprimento
Armava estai e vela grande de carangueja içada junto ao mastro com acentuada inclinação para ré
Tinha duas câmaras, uma à proa e outra à ré, decoradas nas anteparas
Um pequeno bote era levado a reboque o qual servia para rebocar a fragata à força de remos nos momentos de calmaria
A sua tripulação era apenas de três homens



Varino (1880)
Embarcação de carga dos finais do século passado
Extremamente elegante e belamente decorado, era descendente da enviada que os ílhavos deixaram no Tejo
Tinha o aspecto de uma grande bateira de duas proas, com a de vante muito acentuada e dentada encimada por uma cabeleira ou borla
Armava um estai e pano latino num mastro muito inclinado para trás



Varino
O seu nome parece ter origem nos "ovarinos", embarcações de Ovar
Embarcação de carga muito típica do Tejo
Tal como a fragata também era de casco bojudo, mas mais elegante e sem quilha
Aparelhava uma ou duas velas de estai substituindo o latino triangular por um quadrangular num mastro inclinado para a ré
Possuía duas cobertas com anteparas, porão com paneiros e ainda bordas falsas para um melhor acondicionamento da carga



Batel do Tejo
Embarcação do princípio do século e típica do Tejo, de convés corrido, proa dentada e popa inclinada onde fixava um leme de charolo
Umas espadelas laterais ajudavam nas manobras
O mastro, acentuadamente inclinado para vante, armava um grande latino bastardo
Possuía também um pequeno estai amurado num gurupés
Era normalmente usado na pesca e no transporte de pessoas e carga entre as duas margens do rio



Falua com Vela Latina
Esta embarcação era da família dos varinos
Normalmente era empregue no transporte de pessoas entre as duas margens do rio Tejo, mas também se utilizava no transporte de cargas ligeiras para abastecimentos dos mercados lisboetas
Um grande latino bastardo cruzava um mastro ligeiramente inclinado para ré e um pequeno estai amurava num gurupés
Media entre 15 e 16 metros de comprido e tinha uma tripulação de dois a três homens






Falua

Da família dos varinos e fragatas a falua transportava normalmente carga e passageiros entre as duas margens do Tejo
Existiam faluas de um e dois mastros que armavam latinos bastardos como os caíques
Esta embarcação muito rápida e veleira media aproximadamente entre 14 e 15 metros de comprimento e tinha uma tripulação de dois ou três homens


Cangueiro
Embarcação muito semelhante à fragata do Tejo, mas com uma proa mais arredondada para maior protecção do embate das ondas durante o embarque ou desembarque
Transportava normalmente cargas pesada, como areia e pedra para a construção civil
Possuía um bote de apoio, que ajudava à manobra por meio dos remos
Em águas pouco profundas a tripulação ajudava nas manobras impulsionando o barco com grandes varas, correndo as bordas de proa à popa ou vice-versa




Bote do Pinho
Esta bela e muito bem decorada embarcação, da família dos varinos, tinha uma característica específica
Era quase exclusivamente empregue no transporte de ramagem de pinho, que da margem sul chegava, para abastecimento dos muitos fornos dos padeiros de Lisboa
Armava uma longa vela latina triangular cruzada num mastro curto muito deslocado à proa
Possuía duas pequenas câmaras à popa e à proa
Umas bordas falsas permitiam um melhor acondicionamento da carga
Media entre 14 e 15 metros de comprimento e tinha uma tripulação entre 2 e 4 homens




Bote Cacilheiro
Embarcação do Tejo de casco semelhante à fragata mas de menor porte
Tinha a particularidade de a roda de proa estabelecer concordância com a quilha
Armava em geral um grande latino bastardo, existindo no entanto alguns que tinham uma vela de estai e um latino quadrangular
Normalmente media entre nove e dez metros de comprimento e a sua tripulação era composta por dois ou três homens



Canoa Cacilheira
Embarcação muito semelhante à fragata mas de menor porte e dimensões
A sua função principal era o transporte de cargas e o transbordo de mercadorias entre navios ancorados no Tejo e terra
Armava uma vela de carangueja e uma vela de estai amurada numa vara com funções de gurupés
Media entre 11 e 12 metros de comprimento



Barco de Riba-Tejo
Inicialmente era utilizada na pesca, mas gradualmente serviu como embarcação de carga e cabotagem ao longo das povoações ribeirinhas
O casco lembra a muleta do seixal, com a proa muito pronunciada e dentada
O mastro muito inclinado para a proa armava um longo latino bastardo
As espadelas laterais ajudavam muito nas manobras e navegação nos canais e esteiros do rio Tejo
De notar o leme do tipo das embarcações de Ílhavo




Praieira


Embarcação do tipo bateira, de proa bastante desenvolvida, fundo chato e convés corrido
O seu grande leme de pá, desmontável, é um precioso auxiliar da navegação dos esteios e canais do Tejo
À ré possui um resguardo encerado para guarda de vários utensílios e descanso da tripulação, que variava entre dois e três homens
Arma uma vela de espicha e um pequeno estai


Muleta do Seixal
A muleta de pesca, pela sua forma original pitoresca é certamente a embarcação regional portuguesa mais conhecida em todo o mundo
Era usada unicamente pelos pescadores do Seixal, Barreiro e Cascais na arte da tarantanha, uma arte de arrasto pelo través
A muleta apresentava fundo largo e chato, proa dentada excessivamente boleada e popa inclinada
O aparelho da muleta era composto por um mastro muito inclinado para vante, onde içava a verga, uma grande vela latina triangular e dois batelós (paus compridos) deitados pela popa e proa que serviam para amurar e caçar as outras velas e, ao mesmo tempo, para nas extremidades amarrarem os cabos que seguravam a rede da tarantanha


DO SUL DE PORTUGAL:


Caíque do Algarve
Embarcação típica do sotavento algarvio (entre a Faro e Vila Real de Santo António) de extraordinárias qualidades náuticas
Existe quem defenda que o caíque é herdeiro das caravelas dos descobrimentos
Os dois mastros divergentes e as duas grandes velas latinas são uma das suas características
Possui convés corrido com uma gaiuta a ré e uma ou duas escotilhas de acesso aos interiores
Media de 15 a 20 metros de comprimento e tinha uma numerosa tripulação que podia ir até 30 homens
Há notícia de terem navegado até ao Brasil e sul de Angola
Como curiosidade refira-se que, quando a tripulação estava em terra, eram guardados por dois cães-de-água.



 Canoa do Espinel
Esta embarcação de Olhão era destinada à pesca da arte do espinel
Nem sempre eram usadas na arte e por vezes faziam transporte da pescaria entre Portos
Tinha boca aberta e coberta corrida com leme de cana por fora
Tal como o caíque armava dois panos latinos em mastros divergentes.



Enviada da Arte da Chávega
Esta embarcação de Monte Gordo é do tipo canoa com a tolda corrida
A roda de proa é ligeiramente curva encimando o capelo a tradicional borla
Não era empregue somente na arte e fazia o transporte da pescaria entre os barcos do largo e terra, daí o nome enviada
Possui normalmente quatro remos, dois por bordo, para uma tripulação que oscilava entre os seis ou oito homens.



Enviado do Atum
É uma bela e elegante embarcação de Vila Real de Santo António
Usada na pesca do atum, possui um casco de quilha de forma alongada e uma ré cortada em painel que suporta um leme muito inclinado para trás
Tem dois mastros divergentes com panos latinos, estai que amura em vara de gurupés, armando a mezena uma vela de espicha
Apresenta dois a três remos por bordo e nome de enviado advém do facto de também fazer transporte da pescaria entre embarcações do largo e terra.

DAS ILHAS DOS AÇORES E MADEIRA:

Baleeira do Pico (Açores)
Embarcação usada nas ilhas do Pico e Faial na caça à baleia.
Durante Semana do Mar, festas que se realizam no Faial na primeira semana de Agosto, ainda é possível admirar alguns exemplares.
Arma uma pequena vela latina de carangueja apoiada no mastro bem a vante e um pequeno estai latino.
Na ocasião da perseguição à baleia as velas são arreadas e parte da tripulação faz uso dos 6 remos (3 por bordo) enquanto o arpoador vai em pé à proa.


Barco da Pesca do Carapau (Açores)
Embarcação de boca aberta com a proa e popa muito semelhantes.
Assemelha-se a uma grande baleeira com a sua boca aberta e convés corrido.
Dois mastros, o de vante, mais curto, arma uma vela latina triangular.
A sua tripulação varia de 8 a 10 homens que podem fazer uso dos 4 remos (dois por bordo)
À proa uma malagueta saliente e roldana de esforço facilitam a recolha do pescado.


Baleeira da Câmara de Lobos (Madeira)
Embarcação de convés corrido e de configuração ligeiramente curva.
Com a proa e popa muito semelhantes, o leme acompanha a curvatura da roda de popa.
O mastro é fixado bastante à vante e a vela de pendão.
Depois das baleias escassearem nas águas continentais, ainda se continuou a sua caça na Madeira e Açores.