No contexto da Segunda Guerra Mundial, em Julho de 1941 uma missão portuguesa visitou Santa Maria para estudar a possível localização de um campo de aviação, tendo-se optado pelo planalto a sudoeste do Pico de Maria Dias. Decorridos três anos, técnicos da Pan American Airways Inc., chegaram à ilha, concluindo que o local escolhido seria óptimo para o efeito. Tinham em vista a sua utilização para fins militares, em complemento à Base Aérea das Lajes, em operação na ilha Terceira, visando a protecção dos comboios marítimos de transporte de material bélico entre os EUA e o porto de Murmansk, na então União Soviética, afundados nas águas dos Açores pelos U-Boot da Alemanha Nazi.
A memória descritiva do anteprojecto, então encaminhado à apreciação de António de Oliveira Salazar, fazia a comparação entre um aeroporto interinsular e um aeroporto transoceânico. Perante as dúvidas suscitadas, a Pan American enviou correspondência ao Governo português, datada de 24 de Julho de 1944, onde estipulava o custo para os trabalhos a contratar com o Governo. Enquanto o projecto final estava ainda em preparação, o Departamento de Defesa português autorizou a imediata execução dos primeiros trabalhos, iniciados pela construção de uma pista de serviço para as aeronaves a vir da Base Aérea das Lajes, transportando pessoal técnico e equipamentos. Encarregou-se dessa tarefa a engenharia militar que, em quatro ou cindo dias, com pouco mais de quarenta trabalhadores, a concluiu. A 7 de agosto de 1944, pelas 14:15h, aterrava a primeira aeronave nessa pista, um Douglas C-47 Skytrain (Dakota C-47) da USAF, transportando materiais e pão vindos da Terceira, e descolando uma hora mais tarde.
Finalmente, a 28 de Novembro de 1944 foi assinado um acordo com o Governo dos Estados Unidos, concedendo-lhe facilidades em Santa Maria em condições semelhantes às da Base das Lajes, visando a utilização do aeroporto por aviões que fossem ou retornassem da Guerra do Pacífico, e mesmo por outras aeronaves que não pudessem aterrar na Terceira devido a más condições climatéricas.
Um grupo dos Estados Unidos prolongou a pista de serviço em mais 200 metros e, a 15 de Novembro de 1944 foi concluída uma nova pista de serviço com as dimensões de 1350 x 50 metros, que esteve em operação até 14 de maio de 1945.
A 14 de Dezembro foi assinado o acordo entre a Pan American e o Governo português, e, em fins desse mesmo mês, já estavam instalados os equipamentos de radiofarol e rádio orientador. Já se encontravam então em construção os edifícios das operações e o do terminal de passageiros, as pistas nº 2 e nº 3 e a plataforma de estacionamento de aeronaves. Por esta altura, estavam em actividade cerca de três mil trabalhadores: dois mil americanos (USA), seiscentos micaelenses e quatrocentos marienses, números que continuariam a aumentar até cerca de três mil trabalhadores americanos e mil açorianos de todas as ilhas.
Enquanto isso, Vila do Porto viu o seu porto ampliado para receber batelões com os equipamentos necessários às obras de infra-estrutura, assim como instalados os equipamentos de uma estação elevatória de combustível para aviação.
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