SEJAM BEM-VINDOS

SEJAM BEM-VINDOS
MARE QUIDEM COMMUNE CERTO EST OMNIBUS.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

DE NOVO PORTUGAL E O ATLÂNTICO



Portugal é um país Atlântico, esquecido como tal, lançado numa comunidade económica com moeda cambial forte, erradamente como mediterrânico; possui o maior espaço marítimo da Europa e um dos maiores do mundo. A confluência oceânica concede-lhe os melhores pesqueiros a nível global. A nossa frota pesqueira obsoleta, costeira ou oceânica, destruída nas últimas décadas por incompetência política, com alegada sustentabilidade duvidosa, não está ao nível e de acordo com a conjuntura económica que hoje se reclama; os nossos estaleiros navais desapareceram, assim como a demais estrutura paralela envolvente que a devia acompanhar. Existem hoje novas tecnologias em funcionalidade consideradas de ponta que deviam acompanhar esse planeamento de relançamento marítimo de Portugal, como a construção de barcos de pesca, costeiros ou oceânicos, em compósitos de fibra e equipados com motores de hidrogénio.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

OS MEUS TEXTOS: ENTRE DOIS MUNDOS

OS MEUS TEXTOS: ENTRE DOIS MUNDOS

O AEROPORTO NA ILHA DE SANTA MARIA DOS AÇORES


No contexto da Segunda Guerra Mundial, em Julho de 1941 uma missão portuguesa visitou Santa Maria para estudar a possível localização de um campo de aviação, tendo-se optado pelo planalto a sudoeste do Pico de Maria Dias. Decorridos três anos, técnicos da Pan American Airways Inc., chegaram à ilha, concluindo que o local escolhido seria óptimo para o efeito. Tinham em vista a sua utilização para fins militares, em complemento à Base Aérea das Lajes, em operação na ilha Terceira, visando a protecção dos comboios marítimos de transporte de material bélico entre os EUA e o porto de Murmansk, na então União Soviética, afundados nas águas dos Açores pelos U-Boot da Alemanha Nazi.
A memória descritiva do anteprojecto, então encaminhado à apreciação de António de Oliveira Salazar, fazia a comparação entre um aeroporto interinsular e um aeroporto transoceânico. Perante as dúvidas suscitadas, a Pan American enviou correspondência ao Governo português, datada de 24 de Julho de 1944, onde estipulava o custo para os trabalhos a contratar com o Governo. Enquanto o projecto final estava ainda em preparação, o Departamento de Defesa português autorizou a imediata execução dos primeiros trabalhos, iniciados pela construção de uma pista de serviço para as aeronaves a vir da Base Aérea das Lajes, transportando pessoal técnico e equipamentos. Encarregou-se dessa tarefa a engenharia militar que, em quatro ou cindo dias, com pouco mais de quarenta trabalhadores, a concluiu.
A 7 de agosto de 1944, pelas 14:15h, aterrava a primeira aeronave nessa pista, um Douglas C-47 Skytrain (Dakota C-47) da USAF, transportando materiais e pão vindos da Terceira, e descolando uma hora mais tarde.

Finalmente, a 28 de Novembro de 1944 foi assinado um acordo com o Governo dos Estados Unidos, concedendo-lhe facilidades em Santa Maria em condições semelhantes às da Base das Lajes, visando a utilização do aeroporto por aviões que fossem ou retornassem da Guerra do Pacífico, e mesmo por outras aeronaves que não pudessem aterrar na Terceira devido a más condições climatéricas.
Um grupo dos Estados Unidos prolongou a pista de serviço em mais 200 metros e, a 15 de Novembro de 1944 foi concluída uma nova pista de serviço com as dimensões de 1350 x 50 metros, que esteve em operação até 14 de maio de 1945.  
A 14 de Dezembro foi assinado o acordo entre a Pan American e o Governo português, e, em fins desse mesmo mês, já estavam instalados os equipamentos de radiofarol e rádio orientador. Já se encontravam então em construção os edifícios das operações e o do terminal de passageiros, as pistas nº 2 e nº 3 e a plataforma de estacionamento de aeronaves. Por esta altura, estavam em actividade cerca de três mil trabalhadores: dois mil americanos (USA), seiscentos micaelenses e quatrocentos marienses, números que continuariam a aumentar até cerca de três mil trabalhadores americanos e mil açorianos de todas as ilhas.
Enquanto isso, Vila do Porto viu o seu porto ampliado para receber batelões com os equipamentos necessários às obras de infra-estrutura, assim como instalados os equipamentos de uma estação elevatória de combustível para aviação.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA

As ilhas do arquipélago da Madeira supostamente já seriam conhecidas antes da chegada dos portugueses, a crer em referências presentes em algumas obras, bem como na representação em cartas geográficas. Entre essas obras que se referem à Madeira salientam-se passagens do Libro del Conoscimiento, obra de um espanhol, na qual as ilhas são referidas pelo nome de "Leiname", "Diserta" e "Puerto Santo".

Libro del conoscimiento, cujo título completo é Libro del conosçimiento de todos los rregnos et tierras e señoríos que son por el mundo et de las señales et armas que han, é um compêndio manuscrito, geográfico e heráldico, anónimo, redigido no reino de Castela em fins do século XIV, supostamente após 1385, cuja datação não está comprovada. Sob a aparência de uma viagem autobiográfica, contém um itinerário com informações sobre o mundo então conhecido, seus governantes e seus brasões de armas. O texto conservou-se num manuscrito que pertenceu a Jerónimo Zurita, cuja assinatura consta no frontispício e que se considerava perdido desde 1680, quando a sua existência constava em Zaragoza, na posse do conde de San Clemente, para ressurgir num leilão de uma importante galeria de Londres em 1978. O códice, conhecido como "manuscrito" Z, do terceiro quartel do século XV com belas miniaturas atribuíveis a um iluminador aragonês pelos estudos iconográficos e estilísticos, que trabalhou a partir de um manuscrito anterior castelhano da segunda metade do século XIV pelos brasões de armas que figuram na capa, conserva-se actualmente na Bayerische Staatsbibliothek de Munique sob o nome "Cod.hisp. 150".


Em 1418 a ilha do Porto Santo foi redescoberta por João Gonçalves Zarco e por Tristão Vaz Teixeira. No ano seguinte estes navegadores, acompanhados por Bartolomeu Perestrelo, chegam à Ilha da Madeira.


quinta-feira, 30 de junho de 2011

AS ESPECIARIAS (Baunilha e chocolate)



Embora cada região do planeta possua as próprias especiarias, na Europa, a partir das Cruzadas, desenvolveu-se o consumo das variedades oriundas das regiões tropicais, oferecidas pelo mundo islâmico. Para atender a essa demanda, ampliou-se o comércio entre o Ocidente e o Oriente, através de várias rotas – terrestres e marítimas – que uniam não apenas a Europa internamente, pontilhando-a de feiras, mas esta e a China (rota da Seda) e as Índias (rota das especiarias).



Na tentativa de uma solução para contornar o problema, Portugal, seguido pela Espanha, organizaram expedições para a exploração de rotas alternativas marítimas para o Oriente. O projecto português previa um ciclo oriental, contornando a África (o périplo africano), enquanto que o projecto espanhol apostou no ciclo ocidental, que supostamente culminou no descobrimento da América. Há inúmeras controvérsias sobre a casualidade desse facto, já que muitos indícios denunciam o conhecimento prévio da existência do continente americano na Europa.


A baunilha do castelhano vainilla,  pequena vagem, é uma especiaria usada como aromatizante, obtida de orquídeas do género Vanilla, nativas do México. Originalmente cultivada pelos povos mesoamericanos pré-colombianos que parece ter sido levada para a Europa juntamente com o chocolate na década de 1520, pelo conquistador espanhol Hernán Cortés Monroy Pizarro Altamirano.
A história da baunilha está associada à do chocolate. Os astecas, e já antes os maias, decoravam com baunilha uma bebida espessa à base de cacau, destinada aos nobres e aos guerreiros denominada xocoatl, porém, não cultivavam nem a baunilha nem o cacau, devido ao clima impróprio.


Tais produtos de luxo provinham do comércio com as regiões vizinhas. Provavelmente não dispunham do conhecimento agronómico da planta que produzia a baunilha, pois chamavam-lhe tlilxochitl, que significa “flor negra”. 
O desenho da baunilheira no Códice Florentino (ca.1580) e a descrição do seu uso e propriedades está escrita em língua nauatle, também chamada de asteca.
São os totonacas, ocupantes das regiões costeiras do golfo do México, próximo das actuais cidades de Veracruz e Papantla, quem produzia a baunilha e a fornecia aos astecas.


Os espanhóis descobriram a baunilha no início do século XVI por ocasião da conquista da América Central. Tudo leva a crer que o conhecimento decisivo da baunilha está efectivamente ligado à chegada dos espanhóis a Tenochtitlan, e ao encontro de Hernán Cortés com o tlatoani Moctezuma II, descrevendo-a Bernardino de Sahagún, frade franciscano espanhol, nos costumes e em particular no uso da baunilha para aromatizar o chocolate. A primeira referência escrita à baunilha que se conhece, bem como a primeira ilustração, constam no Códice Florentino, de 1552, cuja referência constitui igualmente a primeira a uma orquídea do Novo Mundo.


A baunilha é composta de óleo graxo e ácido benzóico, tem propriedades excitantes, favorece a digestão e admite-se ser afrodisíaca, antiespasmódica e emenagoga. Serve sobretudo como aromatizante, sendo muito utilizada em chocolates e na preparação de doces. Pode ser encontrada em tabletes, em pó, em tintura e em vagem. É um dos excitantes mais agradáveis da matéria média e reputada afrodisíaca por excelência.
O sorvete ou gelado é um tipo de guloseima gelada. Tecnicamente, é denominado gelado comestível e definido como um produto alimentício que é obtido ou a partir de uma emulsão de gorduras e proteínas, com ou sem adição de outros ingredientes e substâncias, ou a partir de uma mistura de água, açúcares e outros ingredientes e substâncias que tenham sido submetidas ao congelamento.


Em ambos os casos, a produção deve ocorrer sob condições tais que garantam a conservação do produto no estado cremoso, parcialmente congelado durante a armazenagem, o transporte e a entrega para consumo.
As mais antigas referências sobre as origens do sorvete incluem uma história sobre o imperador romano Nero (37-68), que teria mandado trazer neve e gelo das montanhas e misturá-lo com frutas, e outra do imperador chinês King Tang (618-697), que teria um método de combinar leite com água do rio.